Olá ... sejam bem-vindos ao meu blog, o Educação Humanistica. Aqui compartilharei com vocês minhas experiências pedagógicas e reflexões educacionais. Boa leitura e aproveitamento a todos...

segunda-feira, 28 de março de 2011

PAZ E HARMONIA NAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

                                   THAISE RODRIGUES BARBOZA


INTRODUÇÃO


Nas últimas décadas entre as instituições religiosas, empresas, universidades aprofundou-se principalmente através do compromisso de juntos intermediarem ações e movimentos para que haja paz, justiça e a defesa da dignidade humana. Falar de Paz e Harmonia nas Relações Interpessoais é falar em respeito e liberdade. Quando sadias, constroem uma visão positiva que as pessoas têm de si e dos outros, esta não compreendida como subserviência ou condicionada, mas com um aprendizado ético.
Direitos Humanos é um ideal visualizado da necessidade de preservar a vida e tudo o que nela está disposto. No entanto, ao longo dos tempos, este conceito foi assimilado culturalmente como se os portadores destes direitos fossem sempre os outros, aqueles que estão numa situação de extrema indignidade, nunca (eu, você e nós). Faz-se necessário um grande esforço para ressignificar as palavras, lembrando que os conceitos que dizem o que as coisas são. Certamente o caminho proposto é agente reconhecer que somos ao mesmo tempo, pessoas individuais, única com seu potencial e limitações, respeitando e querendo ser respeitado, contribuição essa essencial para a humanidade.
Portanto somos seres sociais ligados e interligados uns com os outros. Começar considerando-se a si mesmo como portador de direitos, de liberdade, de dignidade, ao mesmo tempo diferente e igual aos outros, pois diferenças e semelhanças não são critérios para auferir nossa dignidade. O que temos em comum é o fato de que somos humanos e comungamos das mesmas necessidades. Se me considero portador de direitos humanos, assim devo também considerar meus familiares, meus amigos, aqueles que conheço, aqueles que ainda não conheço, aqueles de quem gosto e até aqueles que não gosto. Sim todos que são humanos.
Vivemos uma cultura de violência fomentada por diversos ciculos viciosos, presentes em todos os lugares na mídia, na família, nas escolas, nos brinquedos, no trânsito. Isso somado à individualidade e a busca pela satisfação imediata faz com que as pessoas sejam menos capazes de lidar com as frustrações e estejam mais propensas a transformar pequenos atritos em grandes confrontos.
A paz enfrenta atualmente uma realidade que se pode denominar paradoxal: ao mesmo tempo, em que ela é violada em cada um, em qualquer parte no dia-a-dia, independente de etnia, é também reclamada, com a mesma intensidade da sua violação, em cada discurso e manifestação em prol do bem comum, não da violência, dos direitos humanos, dos direitos das mulheres e das crianças.
Quando analisamos a violência que atinge a sociedade, várias indagações são feitas sobre as causas de tal situação violenta e de egoísmo no qual vivemos.
Esse é o fundamento ideológico do mundo atual, onde cada um disputando o controle, considerando o outro como uma ameaça, um competidor, um adversário ou um inimigo que deve ser eliminado. Nós estamos vivendo hoje o fundamento ideológico das guerras.
As tecnologias que estão a serviço do capital é um desses fundamentos esta gerando grandes transformações, que estão ocorrendo a nossa volta de forma ágil, é uma variação com conseqüências permeando a cadeia de valores transformando as relações humanas a serviço do consumismo, se escondendo por trás dessa uma barbárie. Precisamos da tecnologia, mais ensinar a nossos alunos que há outras formas de aprendizagens, vivenciando a educação da autonomia e na cultura da panacéia.
As formas de combater essa violência suscitam diversos debates entre acadêmicos, autoridades, políticos e a população em geral. Basta olharmos para a nossa realidade cotidiana que facilmente percebemos inúmeras realidades de indignidade.
Por isso em qualquer ponto geográfico que esteja o ser humano, se faz necessário esse trabalho por uma Cultura de Paz. No município de Tacaratu-PE com 22.056 habitantes, a Secretaria de Educação composta por vinte escolas municipais e quatro escolas estaduais e demais indígenas, foram pioneiras na busca por essa cultura tão almejada. Estratégias políticas de educação, saúde, assistência social voltada para atividades culturais e esportivas, são situações preventivas que prevalece para a paz social, relacionando o desenvolvimento integral da pessoa com esse processo de Cultura de Paz. Sabendo que a identidade humana é um processo inacabado, estamos constantemente construindo nossa identidade. 
           

ASPECTOS QUE QUALITIFICAM O SER HUMANO

Um dos aspectos mais significativos e que qualifica o ser humano é a capacidade de relacionar-se. Cada vez mais a sociedade está enraizada em sua individualidade e intolerância. Neste prisma o que não se pode é constantemente punir-mos pelos erros cometidos, uma vez que somos humanos, devemos construir destes saberes e oportunidades nas suas vivencias.
 “O saber alicerçante da travessia na busca da diminuição da distância entre mim e a perversa realidade dos explorados é o saber fundado na ética de que nada legitima a exploração dos homens e da mulheres pelos homens mesmos ou pelas mulheres”. (FREIRE, 1996. p. 156).
Diante da atual onda de violência que remete aos valores, fala-se de uma ameaça de regressão à barbárie. Não se trata mais de uma ameaça, pois a regressão já se instalou e a barbárie continuará existindo enquanto persistirem os inúmeros fatores que apontam sua insofismável presença, a intolerância diante do outro e o individualismo desenfreado.
A cada dia naturalizam-se as mazelas da condição humana. Um determinismo amparado pelo viés tecnicista e nas necessidades da concorrência internacional faz predominar o mercado de forma absoluta. Suprime quaisquer possibilidades históricas alternativas.
Os que poderiam contribuir com a mudança social frequentemente se horrorizam calados. Voltam-se ao seu mundinho e umbigos, afinal, pensam eles, as vitimas em geral são negros, mulheres, pobres, crianças que nada lhes dizem respeito. Achando estes que as mazelas dessa barbárie não chegará aos seus lares e famílias. Ledo engano! É o que estão provando os ataques de bandidagem, seja do crime organizado ou dos colarinhos brancos.
Uma das evidencias mais brutais do aviltamento da condição humana e barbárie instalada é a cultura do ter na visão capitalista, onde os padrões de beleza e status está acima de tudo e todos. As desigualdades sociais e econômicas têm levado contingentes da população a um dos mais vexatórios exemplos da barbárie instalados no país.
Referindo-se a está questão Libaneo afirma:
Como se pode perceber, as mudanças são consideráveis e afetam não apenas a sociedade de um modo geral, como a nossa vida cotidiana. Os dados com os quais pretendemos ilustrar as transformações gerais da sociedade são, afetivamente, tendências do mundo atual que trazem benefícios, mas trazem prejuízos. Principalmente, porque os benefícios não são para todos, ao contrario, destinam-se a uma minoria. (2007, p. 17)
       
Portanto precisamos sair deste plano cultural da ideologia neoliberal, e partir para ação em favor da humanidade acreditando que ainda temos tempo para a sensibilidade humana, da qual somos portadores na defesa da dignidade de todos. 


PREVENÇÃO DA VIOLENCIA NO MEIO ESCOLAR

A não violencia não é apenas um ideal a ser buscado, mas uma forma permanente de vida, baseada na injustiça e na inclusão social. É preciso cuidar do outro com o verdadeiro sentido da palavra. Como diz Leonardo Boff “o cuidado é uma condição essencial do ser humano e abrange também um contexto da exclusão social, bem como o conjunto da vida em nosso planeta” (1999, p. 29). A prática da não violencia começa na desmontagem concreta e ideológica da violencia em toda a sua amplitude.
A paz não pode sobreviver sem pacto, sem uma aliança ampla, que seja fruto do conjunto de todos os esforços humanos em vista da sobrevivência do planeta. O caminho para a não violencia passa pelo respeito  a diversidade de culturas, religiões, praticas sexuais e assim por diante.
Se a relação como o outro for profunda, implica no desafio de repensar a realidade e as relações sociais a partir de outros critérios e paradigmas. Desenvolver esta cultura da paz começa pela vida cotidiana de cada um, demanda uma autentica conversão pessoal.

                   O ser humano é o único ser que pode intervir nos processos da natureza e dirigir em conjunto com essa, a marcha da evolução. Ele foi criado e criador. Dispõe de recursos de re-engenharia da violência mediante processos civilizatórios de contenção e uso da racionalidade. A competitividade continua valida, mas não no sentido de o melhor nem de destruição do outro. Assim todos ganham e não só um. (BOFF, 1999, p. 41).


Essa consciência passa inevitavelmente pela escola. E na escola, com o estudo, aumentando nossa liberdade. Porque a liberdade só se constrói quando se tem uma noção de quais são as opções. Somente através da educação a pessoa se torna mais consciente e conseqüentemente mais humana.
Como diz Freire, “percebe-se, assim, a importância do papel do educador, o mérito da paz com que viva a certeza de que faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos, mas também ensinar a pensar certo”. (1996, p.29).
Sabemos que a educação deve atuar a partir da historia de cada educando sendo este um dos elementos fundamentais na prevenção da violencia, como também a busca e ampliação da capacidade de perceber o mundo e influir nele não só a educação escolar, mas também a educação no seu sentido amplo.
 Dizia o mestre Paulo Freire

“A educação sozinha não transforma a sociedade; sem ela tampouco a sociedade muda. Se a nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua navegação, não temos outro caminho se não viver nossa opção. Encarná-la diminuindo, assim, a distância entre o que dizemos e o que fazemos”. (2000, p. 67).

Acreditamos que a educação escolar é oferecida pela família, seja ela genética ou institucional juntamente com nossas experiências, constituem em praticas educativas capazes de nos fornecer elementos para termos novas esperanças e novas utopias, que nos dão resistência contra qualquer forma de violencia.


O IMPACTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS

O avanço das novas tecnologias modifica completamente a vida das pessoas, sobretudo a das novas gerações, é também um problema social, ela é excludente, e inserido a ela esta o capitalismo.
A sociedade tem que colocar sobre a mesa os riscos e os efeitos colaterais junto com a tecnologia e discutir isto tudo junto, pois mesmo com toda tecnologia presente no mundo, é preciso aprimorar as estratégias para que nos sejamos bons comunicadores, munindo-se de vantagens e junto ao educando iniciar o exercício da leitura critica do que vem explicito e do que é veiculado nas entrelinhas nos meios de comunicação.
“O progresso cientifico e tecnológico que não responde fundamentalmente aos interesses humanos, às necessidades de nossa existência, perdem, para mim, sua significação”. (FREIRE, 1996, p. 147).
Na verdade não é só isso buscar na tecnologia a competência para saber lidar com as questões de trabalho, precisa-se estar atento às relações sociais, pois dependendo do uso, a tecnologia pode ser um instrumento de marginalização.

CONSIDERAÇOES FINAIS

Neste contexto das relações interpessoais a paz se conquista na lida diária, é um modo de viver que inclui a paz interior e exterior.
Educar nossos alunos para vivencia numa sociedade de paz e diversidade, onde o entendimento das questões que envolvem o cotidiano é fundamental para o exercício pleno da cidadania. Entender elementos essenciais de nossa sociedade, relacionados à interação social, cultural e ideológica, desenvolver a capacidade de analisar nossas vivencias cotidianas e relaciona-las a situações mais amplas que no condicionam, limitam e explicam o que acontece com nossa vida. Centrar os estudos da historia numa visão processual e dinâmica das sociedades, considerando as permanências e rupturas, os espaços públicos e privados.
Por meio do conhecimento possa contribuir para a construção de um cidadão ético e consciente, que saiba posicionar-se frente às questões cientificas tecnológicas e sociais de seu tempo. Alem disso, fornecer elementos para subsidiar e incentivar discussões acerca de sua posição frente ao mundo.
Dessa forma, procura-se evidenciar a importância da parceria dos vários âmbitos institucionais, pois se vive numa época em que a conturbação e a desintegração dos valores são os maiores obstáculos para o ser humano, a sociedade fundamenta-se no individualismo e o coletivo fica banido a uns poucos sobreviventes. As crianças e adolescentes inseridos nesse contexto, sofrem seqüelas de um mundo dominador. E sendo seres sociais por si mesmos, sofrem quando não conseguem desenvolver suas potencialidades.
O que se sabe é que não se constroe a paz com uma postura apática ou neutra diante da violencia ou da injustiça. A passividade só pode manter, reforçar e aumentar a injustiça devemos procurar uma maneira de resolvê-los. A indignação é o primeiro passo, é preciso agir.        


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOOF, Leonardo. Saber Cuidar: ética do humano – compaixão pela Terra. Petrópolis: Vozes, 1999.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000.

BIBLIOGRAFIA


FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

A “hominização” não é adaptação: o homem não se naturaliza, humaniza o mundo. A “hominização” não é só processo biológico, mas também história.

          A formação humanística é um processo complexo para uma explicação exata, pois os seres humanos são elevados seres sociais, que parecem depender tanto da sociedade quanto ela depende deles, basta analisar a realidade para situar-se no mundo e interpretar e compreender, com autonomia, os acontecimentos do dia-a-dia e agir sobre eles, pois a análise das conjunturas provoca um olhar profundo sobre os fatos, buscando contextualizar e aprofundar suas causas ajuda ainda a tomarmos posição da realidade.
         Percebemos que assim como os problemas humanos não poderiam ser compreendidos com base em fatores físicos ou emocionais, as pessoas não são livres para fazerem o que querem com suas vidas, pois nossos comportamentos decorrem também de fatores sociais.
         Sendo a vida um dom, uma tarefa existencial, cuja estrutura de dominação que conduz nossas consciências vem nos oprimindo deve levar o homem a refletir como sujeito histórico, dentro de uma prática humanizadora ligada a existência de cada um. Para isso o desenvolvimento intelectual e de seu pensamento critico ajuda a compreender sua própria existência como também contribuir para o processo histórico, entendendo o presente, seus problemas, auxiliando na escolha de alternativas e meios para resolvê-los.
         Tendo o aprender como parte da natureza humana, o que se deve ter como sentido é de que precisamos ser autores conscientes da nossa historia, isto é, existenciando e historicizando. Sabendo-se que dentro desse processo de projeção e continuação histórica existirá obstáculos, daí surgirá o esforço e superação, que exigira uma leitura de mundo de conscientização e compromisso tudo isso ligado a valores dentro de um processo de reflexão que abrirá possibilidades concretas de ultrapassar os desafios ligados ao crescimento intelectual com uma consciência crítica.
         Tudo isso levara o homem a interiorizar-se em si, descobri-se como sujeito parte do processo histórico do mundo. Cuidando-se o homem poderá pensar no todo.
         Nós humanizamos o mundo desse modo estamos nos humanizando, e o ambiente influência nesse processo, assim consciente de que a relação com o meio é mutável e é preciso reconhecer-se como integrante desse processo evolutivo. Todavia entendermos as questões que fundamentam nosso cotidiano é contribuir para esse processo de construção de uma cultura de paz. E assim poderemos interferir e conduzir outras pessoas.  

 Thaise Rodrigues